(Alltech's 7th Annual Global Feed Survey)
A Alltech Global Feed Survey do ano passado ultrapassou o limiar de um bilhão de toneladas métricas de ração produzidos globalmente, pela primeira vez. Este ano essa posição se confirmou, com uma estimativa de 1.068 bilhões de toneladas métricas.
Agora, em seu sétimo ano de análise, a Global Feed Survey continua a ser um relatório valioso sobre o estado da indústria global de ração para animais. Além de conhecimentos sobre a indústria de ração para animais, ela serve como um barômetro para a agricultura como um todo e demonstra a força econômica dos países incluídos na pesquisa.
Então, que lições podemos extrair da Alltech Global Feed Survey 2018? Identifiquei sete pontos altos que representam as principais tendências para os líderes do agronegócio - desde os pequenos produtores de leite na Índia até os maiores produtores de suínos da China.
Desde a primeira pesquisa da Alltech, em 2011, a China foi nitidamente identificada como líder na produção global de ração para animais. Este ano, um pequeno declínio na produção global de ração animal foi observado na China, mas apontado como menos de 0,4% do total. Para um país com uma população crescente, tal queda na produção de ração para animais pode causar uma pequena preocupação. O que isso indica?
A produção chinesa de laticínios e de carne bovina diminuiu em 17%. A indústria de laticínios da China está lutando, porque os produtores de leite tentam equilibrar os altos preços dos insumos com os baixos rendimentos dos processadores de leite. O declínio na indústria de carne bovina indica o deslocamento da produção local devido a importações mais baratas e carnes importadas de maior qualidade.
Os setores de poedeiras e frangos de corte da China também apresentaram pequenas quedas de 11% e 5% na produção de ração para animais, respectivamente. Enquanto a indústria avícola como um todo está vendo melhorias na eficiência devido ao aumento da industrialização, o setor de poedeiras viu uma consolidação relativamente rápida do maior mercado de ovos do mundo. O consumo de poedeiras comerciais "brancas" estagnou e os preços tem sido ruins.
Um setor na China que se recuperou foi a produção de ração para suínos, aumentando em 11% no ano passado, uma vez que a racionalização da China em relação a fazendas maiores e mais profissionais colhe as recompensas de uma produção de suínos mais econômica.
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2. A Russia dá um salto para cima
A pesquisa de 2018 mostrou grandes aumentos na produção global de ração na Rússia, visto que o país se torna cada vez mais auto-suficiente e menos dependente de carne, leite e ovos importados. Este foco em independência alimentar colocou a Rússia entre os dez melhores, passando do 7o lugar ao 4o no "clube" da ração, empurrando a Índia, o México e a Espanha uma posição abaixo, apesar dos aumentos na produção de ração de cada um desses países em 2017.
Todas as espécies viram um aumento na produção de ração animal na Rússia, com exceção de espécies de aves menos importantes. O principal crescimento relatado foi de ração para suínos, gado leiteiro e de corte. Os resultados das rações para suínos, em particular, foram mais altos, devido a uma coleta de dados mais precisa, que permitiu estimativas melhores. Até certo ponto, a produção para o setor de laticínios e carne bovina reflete cálculos mais precisos, mas também dificuldades na importação, particularmente no que diz respeito à indústria da carne bovina. A produção de rações para poedeiras e frangos de corte também aumentou, mas em menor grau, em 12% e 3%, respectivamente.
Assim como a China, a Índia tem sido um país para se observar. A produção de ração estimada para 2017 cresceu 9% e esse crescimento deverá continuar, levando em conta o aumento crescente da sua população.
Ao contrário da China, no entanto, as afiliações religiosas e culturais desempenham um papel importante, inibindo a produção pecuária, incluindo a carne de porco, mas, especialmente, a carne bovina. O crescimento da produção de ração na Índia se dará principalmente para dar suporte aos produtores de leite, ovos e frangos. A produção de ração para laticínios e poedeiras na Índia cresceu 5% em 2017, e a produção de ração para frangos de corte aumentou 12%.
Apesar de um pequeno declínio na produção geral global na aquicultura, particularmente na região geral da Ásia-Pacífico, a Índia foi um dos poucos países que cresceu 8%. Hoje, a Índia produz camarões, camarões de água doce (pitú), carpas e bagres para consumo interno e exportação.
Praticamente em todos os anos da Alltech Feed Survey, a África tem sido um dos mercados de ração de maior crescimento. Embora em 2017 essa tendência não tenha continuado como média regional, a taxa de crescimento da África nos últimos cinco anos foi de quase 30%, o que supera a média global estimada em 13,1%. A produção africana de ração suína aumentou mais de 6%. A produção de ração para laticínios, poedeiras e frangos de corte também teve aumentos neste ano. Na verdade, a África foi a região de crescimento mais rápido na produção de ração para laticínios e frangos de corte. Tendências de queda foram observadas para a carne bovina e aquicultura.
Países menores, como o Botswana, Uganda e Moçambique, lideraram o crescimento, mas a pesquisa mostrou um bom crescimento para rações para suínos, laticínios, poedeiras e frangos de corte em países maiores como a Argélia (com a óbvia exceção de suínos). As reduções da produção de ração para carne bovina foram sentidas em países como Zâmbia e Marrocos. Enquanto muitas nações africanas tiveram um pequeno aumento na produção de ração para a produção de aquicultura, a região como um todo baixou, principalmente devido à menor produção de ração relatada no Egito, que agora foi superado pela Nigéria.
Em média, a região tem os custos de ração mais caros para suínos, poedeiras e frangos de corte.
O crescimento de ração para aquicultura ficou relativamente plano, mas esse número pode enganar. A crescente população global, o aumento do desejo de consumir peixe devido aos benefícios para a saúde e a necessidade de produzir peixes cultivados de forma mais sustentável e econômica, deveriam ter resultado em um forte crescimento, mas a produção de ração da Ásia pesa desproporcionalmente, representando quase 70% da produção global de ração para peixes. A África e a América do Norte ficaram relativamente estanques, mas vimos um forte crescimento na Europa, América Latina e Oriente Médio. A queda na região Ásia-Pacífico vem principalmente da China, onde a produção de ração para a aquicultura diminuiu 5%, redução significativa para um país líder em termos de produção de aquicultura e que produz quase cinco vezes mais do que o segundo produtor mais forte. O Vietnã também relatou uma diminuição de cerca de 9%. A Indonésia caiu 17%, assim como Taiwan e Japão, cada um registrando queda de 9% e 3%, respectivamente.
Estas tendências estão acontecendo ao longo de vários anos e refletem os surtos de doenças, particularmente no camarão, e uma consolidação crescente da indústria em um menor número de fazendas maiores e mais sofisticadas. Vários mercados menores cresceram significativamente, incluindo Brasil, Chile e Peru, e Oriente Médio, liderados pelo Irã. A África poderia ter crescido também, mas o país líder da região, o Egito, teve uma queda na produção.
O setor de equinos registrou um crescimento saudável no último ano, sendo que cada região relatou crescimento. A América do Norte e a África relataram a menor mudança, 1% e 2%, respectivamente, mas regiões como a América Latina e Ásia-Pacífico mostraram crescimento saudável de 108 mil toneladas métricas e 160 mil toneladas métricas, respectivamente. De maneira geral, isto é resultado do crescimento progressivo em muitos países nas duas regiões, incluindo Peru, Brasil e México na América Latina e Coréia do Sul, China e Austrália na região Ásia-Pacífico.
O Oriente Médio mostrou um crescimento de 22%, ou cerca de 25 mil toneladas métricas. Grande parte do crescimento ocorreu nos Emirados Árabes Unidos e na Arábia Saudita. Esta é uma região difícil para se obter informações e o setor de equinos não é diferente. Esse crescimento pode ser resultado de melhores informações, bem como de uma compreensão mais clara do setor. A Europa viu o maior aumento tanto em porcentagem (24%) quanto em tonelagem (396.000). Vários países contribuíram para isso de forma progressiva, como a Holanda, a Irlanda, a França e a Rússia.
Não houve uma direção geral para os custos da indústria de ração neste ano. Eles são tão variáveis quanto qualquer outro setor industrial tem sido nos últimos doze meses.
Da perspectiva do setor de suínos, os custos estão cerca de 2% mais altos, globalmente, e uma dieta de terminação suína está estimada, em média, perto de US$363. A produção de suínos cresceu cerca de 5,54% e indica um bom crescimento para este setor.
A indústria de poedeiras viu um crescimento muito pequeno, em geral, (menos de 1%) e mantém seus custos de ração para dieta de terminação de forma semelhante, com uma queda de menos de 2%, cerca de US$363. Os custos de produção de dietas de terminação para frangos de corte caíram 14%, globalmente, ao passo que a indústria em si mostra um crescimento gradual de pouco menos de 3%.
Regionalmente, vários países da Ásia-Pacífico tiveram preços mais altos para a produção de ração para animais, incluindo Japão, Taiwan e Indonésia. A África também teve alguns países com altos recordes, particularmente Camarões e Nigéria.
Em geral, os custos de ração estão baixos e, em um futuro previsível, permanecerão assim. Isso ocorre porque os agricultores e os produtores melhoraram o combate à doença e à seca nas plantas. Milho, soja e trigo podem ser produzidos a baixo custo e as colheitas são abundantes. Este custo mais baixo de insumos se reflete nos nossos próprios custos de alimentos que, historicamente, também nunca estiveram tão baixos.
Como de costume, a Alltech Global Feed Survey destacou alguns pontos intrigantes que podem desempenhar um papel importante na análise das economias do agronegócio e, de fato, do mundo. Para obter mais dados da Alltech Global Feed Survey 2018, inclusive ver o folheto de resultados, um mapa global interativo e uma apresentação dos resultados, preencha o formulário nesta página para acessar.
Autoria de Aidan Connolly, Vice-Presidente de Contas Corporativas e Inovação.